20 março 2010

5º Domingo da Quaresma

Isaías 43 (18-21)

«Eis o que diz o Senhor:
«Não vos lembreis mais dos acontecimentos passados,
não presteis atenção às coisas antigas.
Olhai: vou realizar uma coisa nova,
que já começa a aparecer; não a vedes?
Vou abrir um caminho no deserto,
fazer brotar rios na terra árida,
para dar de beber ao meu povo, o meu eleito.»

Partilho agora com todos vós um texto de um jovem padre que esteve ao serviço da minha Paróquia durante alguns anos e que faz parte de uma compilação das suas homilias com o título "Sonhando a Igreja...":

«Importa continuar a caminhada. A meta é a participação na Ressurreição de Cristo. O objectivo é renascer para a vida nova que Jesus de Nazaré nos alcança e oferece com o mistério da Sua Morte e Ressurreição. «Continuar a correr», ao jeito de S. Paulo, pela estrada do Evangelho a fim de podermos participar da vida de Cristo, a fim de podermos dizer também: «para mim viver é Cristo e morrer é lucro»...
Caminhar rumo à Páscoa da Ressurreição é, no fundo experimentar aquela eterna sedução com que o Mestre nos presenteia, é deixar-nos maravilhar com essa tremenda capacidade de amar inaugurada por Cristo Jesus, é deixarmo-nos arrebatar por essa paixão indizível que sai do coração do Senhor.
«Nesta história da sedução que é a minha vida, apesar das minhas resistências, Tu és o vencedor. Não é fácil resistir à Tua presença – ainda que só um vislumbre, um sussurro ou a frescura da Tua sombra. Quem um dia se apercebe destes sinais e os reconhece como Teus, não mais pode esquecer essa plenitude de correspondência no mais fundo do seu coração.
Esta descoberta não é coisa de momento, porque a Tua sedução não é impulso fugaz, é antes uma tensão que fielmente acompanha a minha vida.
A tua sedução é esta atracção singular que experimento e identifico como Tua, que me enche a alma e o coração, que me envolve como um abraço que abraça a minha vida como um todo.
Sou eu, inteiramente eu, que sou atraído. Não são só as minhas ideias e os meus projectos. São também as emoções e os juízos, tudo o que fui e o que sou, o que quero e o que rejeito. Nada escapa á sedução desse abraço.
Porém, misteriosamente, ela não traz o sabor amargo da coacção. Não impõe, sugere. Não força, atrai. Não decide, propõe.
Por isso diante dela, me sinto livre e, quanto mais livre mais seduzido.
Por isso, também, nem sempre me deixo seduzir. Quantas vezes não Te afasto e repudio, cedendo a muitas outras seduções, sedutoras mentiras carregadas de promessas de bem-estar. E a Tua proposta por vezes assusta, marcada que está com o sinal da Tua Cruz.
Seguir-Te é fazer minha a Tua vontade, é percorrer o teu caminho para a Verdade e para a Vida, sabendo que nele encontrei a Cruz, ainda que desenhada em contraluz, na claridade da promessa da Ressurreição.

Senhor da Sedução
o que de mais sedutor tem a Tua sedução é a certeza do teu amor. Se me queres seduzir é porque me amas, e isso me bastaria para me entregar e confiar, pois o teu amor é a minha força e a minha esperança. Por isso Te peço, Senhor: não me deixes nunca e ilumina os olhos do meu coração para que eu me deixe seduzir»

Caminhar em direcção à manhã gloriosa e radiante da Páscoa será sempre redescobrir, maravilhados, essa constante e profunda sedução. Sedução de um Deus misericórdia, ternura, salvação...que importará acolher, amar e adorar infinitamente...»

(Pe. António Fernando - V Domingo da Quaresma - 01-04-2001).
Imagem cedida gentilmente pela Net