30 agosto 2008

O choro da acácia


Olho pela janela da sala onde me encontro neste momento e os meus olhos já não descansam no verde da acácia, que com a sua majestosa sombra protegia este espaço do calor intenso nos dias de estio mais rigoroso. Parecia uma cortina verde, enorme, a proteger-nos e a envolver-nos, como se estivéssemos em plena floresta!
O próximo Inverno também vai ser diferente sem a acácia que eu tanto amava, que depois de uma boa chuvada, ficava linda, com as suas pequenas flores amarelas, que pareciam estrelinhas a brilhar, por entre as ramagens ainda molhadas pelas gotas de água da chuva, acabada de cair.
Sim, junto à minha casa existia uma acácia, um pinheiro manso e uma nespereira.
Isto pode parecer estranho, mas é a pura verdade!
Tinham sido plantadas há cerca de trinta anos em“dias mundiais da árvore”, com muito carinho, por grupos de casais vizinhos que com seus filhos, muito pequeninos à época, se juntavam nesses dias, para dessa forma os sensibilizarem da importância da plantação de árvores para preservar o meio ambiente e também contribuir para o alindamento da paisagem envolvente, um pouco inóspita à época.
Assim, no nosso pequeno jardim, fui vendo crescer o pinheiro, a acácia e a nespereira!
A acácia e o pinheiro tiveram um triste fim.
Alguém achou que as árvores estavam a prejudicar este local e que o prédio de habitação poderia ter problemas causados pelas suas raízes!
E vai daí há cerca de dois meses cortaram a acácia e o pinheiro manso. Restou a nespereira para nosso consolo!
Agora poderão imaginar como ficou este espaço…como ficou a minha alma!
Todos os dias quando passo ao lado do grande cepo da acácia sinto uma enorme angústia invadir todo o meu ser!
E a minha alma grita: - como foi isto possível ?
Sim, foi possível e aconteceu numa vila dos arredores de Lisboa, em pleno século XXI.
Agora, a acácia como que querendo renascer, quem sabe talvez resistir, brota rebentos por todo o lado.
Ainda não sei o desfecho desta mutilação...
...mas que a acácia chorou, chorou.
Ailime, 30 de Agosto de 2008

20 comentários:

  1. Querida M. deixo-te este poema q descobri, da eterna Florbela Espanca (in Charneca em Flor):

    "Árvores! Corações, almas que choram,
    Almas iguais à minha, almas que imploram
    Em vão remédio para tanta mágoa!

    Árvores! Não choreis! Olhai e vêde:
    - Também ando a gritar, morta de sede,
    Pedindo a Deus a minha gota de água!"

    Beijinhos grandes

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olha, Soninha, nem sei que te diga!
    Não conhecia este poema da Floberla,mas na verdade...´"Arvores não choreis" "tb ando a gritar morta de sede, pedindo a Deus a minha gota de água"!
    Lindo, Sónia, adorei.
    Muito obrigada.
    Um grande beijinho
    da tua sempre M.

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  4. È muito triste, quando deveríamos preservar a natureza,
    Então no meio de amontoado de cimento , que são
    As casas na cidade, como alguém pede fazer algo assim,
    As arvores choram, nós choramos, mas mesmo decepadas as arvores continuam a lutar pela sobrevivência através das raízes, que consigam geminar

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  5. Fecham-se as janelas de poente
    Acenderam-se os luzeiros no céu
    A cidade desperta para o arraial
    Uma noiva procura o perdido véu

    Os acordes da Banda no Coreto
    Uma tuba marca o compasso
    O clarinete dança na calmaria
    O Maestro solta gestos no espaço



    Bom fim de semana



    Mágico beijo

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  6. Obrigado...foi uma felicidade ter-te encontrado...


    Doce beijo

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  7. ola amiga un gran abrazo obrigado muito por pasar por mi blog cada mensaje tuyo es hermoso y demuestra una gran sinceridad y amistad estoy muy feliz por tener una amiga como tu.....

    obrigada muito Ailime.

    PD:poco a poco aprendere mas palabras en portugues.ya veras jijiji

    Muito obrigada.
    Um beijinho grande
    Bom fim de semana

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  8. Ela está a resistir...

    Vamos ver. Destroem a natureza, depois andam a chorar por ela...

    beijos em Cristo e Maria

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  9. Quando a natureza chora, é porque tem a raça humana perto!
    Beijos

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  10. Oh, Maravilhosa Amiga:
    Que belo texto escreveu com as suas mãos puras de ouro.
    Sensível. Deslumbrante. Doce. Pleno de encanto e terna beleza.
    "...E vai daí há cerca de dois meses cortaram a acácia e o pinheiro manso. Restou a nespereira para nosso consolo!
    Agora poderão imaginar como ficou este espaço…como ficou a minha alma!
    Todos os dias quando passo ao lado do grande cepo da acácia sinto uma enorme angústia invadir todo o meu ser!..."


    Quando a acácia chorou, eu chorei também pela beleza, ternura e carinho de possuir uma amiga assim.
    Adorei muito, acredite? É sincero.
    Lindo de enternecer.
    Quem fez isto às árvores não devia existir.

    Um Post maravilhoso feito por uma pessoa maravilhosa.
    Beijinhos, sim, amiga?
    Sempre a considerar a sua genial escrita e os sentimentos puros e belos que nela habitam.
    OBRIGADO por este momento fantástico transcendente que faz adorar o seu terno sentir e ser.

    pena

    Brilhante atitude, amiga!

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  11. Que bela parabola sobre os tempos modernos e o que fazemos à natureza, às nossas raizes...
    Gostei muito deste texto. Não só muito bem escrito e poético, mas também muito subtil, inteligente e profundo.
    Magnifico. Parabéns

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  12. Multiolhares,
    Grata pelas palavras de solidariedade, mas como muito bem diz, no meio deste cimento todo, todo o verde é pouco para amenizar a paisagem, ainda por cima decepar...
    Enfim, ainda há pessoas que pensam e agem desta forma!
    Um beijinho com amizade.

    O Profeta,
    Bem-haja pelo excerto do seu belo poema e palavras de simpatia.
    Um abraço.

    Irene,amiga de Venezuela,
    Muito obrigada pelas palavras tão gentis que deixaste no meu cantinho e só peço a Deus que vos dê a graça de curar o vosso filho, Nestor.
    Um beijinho muito grande para ti, Nestor, tuas princesitas e teu esposo.
    Que Deus vos abençoe.
    P.S.
    Como escrevi no teu "Blog" o teu português está perfeito. Obrigada por isso e pela tua amizade.

    Maria João,
    Grata pelo teu comentário. Sim, esta árvore está a tentar resisitir...
    Talvez um dia quem a mandou cortar e quem autorizou, consigam reflectir no acto que praticaram.
    Não sei...
    Beijinhos.

    Martha Thorman Von Maders,
    Sim é verdade, elas vão crescendo connosco e passam a ser parte integrante de nós.
    Bem-haja.
    Um beijo.

    Amigo Pena,
    Não sei como agradecer o comentário tão generoso, que teceu ao modo como descrevi esta história real, que tanto me continua a angustiar...
    Agradeço do fundo meu coração as palavras belas que me dirigiu.
    Bem-haja também pela solidariedade.
    No fundo eu sou uma pessoa absolutamente comum, embora muito sensível...
    Um beijinho de gratidão, com muita amizade.

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  13. Com Senso,
    Que agradável surpresa a sua visita!
    Fico-lhe muito grata pelas palavras tão amáveis que me dirigiu sobre este meu texto.
    Simplesmente deixei o meu coração falar sobre um facto que me corroeu…
    Bem-haja pela sua generosidade.
    Um abraço.

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  14. Que pena!!! Também me entristece demais, ver uma árvore ser cortada...
    Infelizmente, hoje a maioria das pessoas acha que árvores oferecem perigo de galhos rachados, derrubam muitas folhas...Por aí!


    Bela homenagem às "suas árvores"!

    Beijos de luz e todo o meu carinho...

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  15. Maravilhosa Amiga:
    Já comentei.
    OBRIGADO pela visita e pelas palavras repletas de simpatia expressas aqui e lá.
    Bem-Haja, amiga!
    Tudo de maravilhoso.
    OBRIGADO sentido e sincero.
    Beijinhos agradecidos

    pena

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  16. Nespereira? Esperemos que a não detruam também...
    Fique bem.

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  17. Obrigado pela visita.
    Estou de férias,por isso não me posso demorar..
    Beijo

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  18. Também não entendo a facilidade com que se abatem árvores neste país. Compreendo a tua tristeza.
    Um beijo.

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  19. Onde acaba a terra e começa o Mar
    Há um lugar onde vive a ilusão
    Repousa na madrepérola das conchas
    Com a forma de um coração

    Onde as giestas se agarram à areia
    Onde as pedras têm diadema de algas
    Onde o Mar conta histórias longínquas
    Onde as vagas soltam distantes mágoas


    Bom fim de semana



    Mágico beijo

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«Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.»
(João 14:6)
Muito obrigada por me ajudar a caminhar com Cristo!
Ailime