«As leituras deste domingo complementam-se ao apresentar as duas coordenadas fundamentais a partir das quais se deve construir a família cristã: o amor a Deus e o amor aos outros, sobretudo a esses que estão mais perto de nós – os pais e demais familiares.
O Evangelho sublinha, sobretudo, a dimensão do amor a Deus: o projecto de Deus tem de ser a prioridade de qualquer cristão, a exigência fundamental, a que todas as outras se devem submeter. A família cristã constrói-se no respeito absoluto pelo projecto que Deus tem para cada pessoa.
A segunda leitura sublinha a dimensão do amor que deve brotar dos gestos de todos os que vivem “em Cristo” e aceitaram ser Homem Novo. Esse amor deve atingir, de forma mais especial, todos os que connosco partilham o espaço familiar e deve traduzir-se em determinadas atitudes de compreensão, de bondade, de respeito, de partilha, de serviço.
A primeira leitura apresenta, de forma muito prática, algumas atitudes que os filhos devem ter para com os pais. É uma forma de concretizar esse amor de que fala a segunda leitura».
Livro de Ben-Sirá 3,3-7.14-17a (gr. 2-6.12-14)
Deus quis honrar os pais nos filhos
e firmou sobre eles a autoridade da mãe.
Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados
e acumula um tesouro quem honra sua mãe.
Quem honra o pai encontrará alegria nos seus filhos
e será atendido na sua oração.
Quem honra seu pai terá longa vida,
e quem lhe obedece será o conforto de sua mãe.
Filho, ampara a velhice do teu pai
e não o desgostes durante a sua vida.
Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele
e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida,
porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida
e converter-se-á em desconto dos teus pecados.
Salmo 127 (128)
Refrão 2: Ditosos os que temem o Senhor,
ditosos os que seguem os seus caminhos.
Feliz de ti, que temes o Senhor
e andas nos seus caminhos.
Comerás do trabalho das tuas mãos,
serás feliz e tudo te correrá bem.
Tua esposa será como videira fecunda
no íntimo do teu lar;
teus filhos serão como ramos de oliveira
ao redor da tua mesa.
Assim será abençoado o homem que teme o Senhor.
De Sião te abençoe o Senhor:
vejas a prosperidade de Jerusalém,
Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém,
pela festa da Páscoa. Quando Ele fez doze anos,
subiram até lá, como era costume nessa festa.
Quando eles regressavam, passados os dias festivos,
o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais
o soubessem. Julgando que Ele vinha na caravana,
fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-l’O
entre os parentes e conhecidos. Não O encontrando,
voltaram a Jerusalém, à sua procura.
Passados três dias, encontraram-n’O no templo,
sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes
perguntas. Todos aqueles que O ouviam
estavam surpreendidos com a sua inteligência
e as suas respostas. Quando viram Jesus,
seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe:
«Filho, porque procedeste assim connosco?
Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura».
Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis?
Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?»
Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse.
Jesus desceu então com eles para Nazaré
e era-lhes submisso.
Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração.
E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça,
diante de Deus e dos homens.
À ESCUTA DA PALAVRA...
Rezamos para que o Senhor nos dê a graça de praticar, a exemplo da Santa Família, as virtudes familiares. Não é fácil, parece mesmo irrealista esta oração… Como imitar a santidade de Jesus, o Filho de Maria? Maria estava sem pecado, José era um homem justo, perfeitamente ajustado à vontade de Deus. Em plenitude, nenhuma família pode viver como a Família de Nazaré, bem sabemos! Mas o modelo que nos é apresentado por Lucas é o modelo da família concreta de Nazaré, com o acompanhamento de todas as etapas de crescimento do filho Jesus, com toda a atenção e cuidado de Maria e José, com momentos de zanga dos pais quando Jesus ficou com os doutores no templo… Uma família perseverante e confiante! Assim, a Família de Nazaré torna-se muito próxima de nós. É a mesma missão para as nossas famílias: oferecer a cada filho um lugar de crescimento, um lugar de enraizamento onde a seiva da vida possa buscar a sua força, para que os frutos cheguem à maturidade. É uma tarefa árdua, longa, difícil, com alegrias e tristezas, conquistas e fracassos… Podemos pedir a Jesus, Maria e José para nos acompanharem neste caminho: eles passaram por isso e compreendem-nos bem!