06 agosto 2010

Bom descanso




Este texto que considero muito interessante , publicado o ano passado mais ou menos por esta altura, no Jornal de um Colégio dos arredores de Lisboa, foi-me cedido por um colega o qual resolvi partilhar de novo com todos vós, neste tempo maravilhoso em que muitos aproveitam para o merecido descanso anual.

"A nossa relação com o tempo é uma aprendizagem difícil.
Do tempo que passa depressa demais àquele que parece ter a lentidão da tartaruga estamos sempre em busca de um tempo ideal. Confundimos o urgente com o essencial, queremos a eternidade para alguns momentos e a rapidez para outros. E no meio das escolhas que fazemos, o tempo para descansar é o que mais sofre. Tem um certo ar de desperdício, de oportunidade perdida, de tempo improdutivo, e, contudo, sem descanso não é possível viver bem.
O descanso não é apenas dormir, e só isso já seria importante pois os especialistas dizem que dormimos pouco e mal. Lembro-me como a Bíblia está cheia de sonhos em que Deus fala e revela projectos para humanidade, mas hoje dificilmente nos encontraria em sonos repousantes. Já ouvimos dizer que o dormir é uma “arrumar” da biblioteca de pensamentos e sensações que povoaram o nosso estar acordados. Precisamos absolutamente desta alternância de dormir e acordar, como o nosso planeta precisa do dia e da noite. Mas descansar é mais do que dormir. É saborear o tempo como presente para nós e para os outros, é contemplar o que até julgamos conhecer só porque é visto todos os dias, é reaprender a olhar e a ouvir, é saborear o gosto de pensar e de dialogar libertos da guerra do “ganha ou perde” em que se transformam tantas conversas do quotidiano. Sem descanso facilmente nos transformamos em máquinas, cumprimos horários e atingimos objectivos, mas empobrecemos como pessoas. Julgamos evoluir e, simplesmente, perdemos aquele gosto do viver que é aceitar não dominar nem ser dono de tudo.
Descansar é também passar das mãos fechadas da posse às mãos abertas da gratuidade. E vislumbrar no último desejo, “descansa em paz”, dito e escrito com dor e saudade, um tempo de plenitude e graça que é dom absoluto de Deus!
Bom descanso."

Reflexão de:
Pe. Victor Gonçalves
Imagem cedida gentilmente pela Net
(Reposição)
Ailime
06.08.2010
Imagem gentilmente cedida pela Net

01 agosto 2010

Partilha


Em conversa ainda ontem com um dos meus sobrinhos bastante jovem mas já com muitas responsabilidades tanto profissionais como familiares, como tanto outros, acrescento, dizia-me ele a certo momento: “tia, um dia destes arranjo uma casa com uma horta e vou-me embora com a minha Família, porque isto está a tornar-se demasiadamente desgastante. Não tenho tempo para descansar, para estar com os meus 2 filhos (de 3 anos e 9 meses), porque o pouco tempo que lhes dou ainda por cima “é de fraca qualidade”!
Estas palavras tocaram-me profundamente.
Eu sei que este meu querido e meigo sobrinho estaria a exagerar um pouco nas palavras que empregou (ou não...) embora eu  lhe tivesse notado um certo ar de cansaço  e algum desalento. Mas, como jovem responsável que é, compreendi-o nesta sua atitude para com a vida e fiquei a admirá-lo ainda mais, porque  em início de carreira está disposto a abandonar “tudo” para se dedicar ao essencial da vida: poder ter mais disponibilidade para o amor, para a sua Família.
Lembrei-me então desta carta de S. Paulo que hoje é lida em todas as igrejas do mundo católico e em que S. Paulo nos exorta a aspirar às coisas do Alto, a qual passo a transcrever:  

“Irmãos:
Se ressuscitastes com Cristo,
aspirai às coisas do alto,
onde Cristo está sentado à direita de Deus.
Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra.
Porque vós morrestes
e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.
Quando Cristo
, que é a vossa vida, Se manifestar,
também vós vos haveis de manifestar com Ele na glória.
Portanto, fazei morrer o que em vós é terreno:
imoralidade, impureza, paixões, maus desejos e avareza,
que é uma idolatria.
Não mintais uns aos outros,
vós que vos despojastes do homem velho com as suas acções
e vos revestistes do homem novo,
que, para alcançar a verdadeira ciência,
se vai renovando à imagem do seu Criador.
Aí não há grego ou judeu, circunciso ou incircunciso,
bárbaro ou cita, escravo ou livre;
o que há é Cristo,
que é tudo e está em todos”
Col 3,1-5.9-11

Imagem cedida de gentilmente pela Net.
Ailime
01.08.2010