21 janeiro 2011

Continuação do jogo

Minhas amigas de caminhada, aqui estou a responder à chamada, quase a escorregar dos chinelos, mas com determinação para poder merecer o selo que é muito engraçado e alegre.

Não posso deixar de saudar a nossa amiga Gisele e dizer-lhe e a todos os outros amigos do outro lado do Atlântico, que não me esqueço de orar por todas vós deixando aqui um beijinho muito especial para todos, pedindo ao Senhor ânimo e força para enfrentarem este momento doloroso por que estão a passar no vosso maravilhoso país irmão.

Então vou começar:

7 - Brinquedos que não tive:

1 - Peluches, embora me orgulhe muito de uma fotografia ao colo dos meus pais agarrada a um pequeno elefante emprestado pelo fotógrafo – tinha 10 meses;

2 – Bonecas. A primeira e única que tive era de papelão. Só durou algumas horas, porque para meu espanto dei-lhe banho e a marota desfez-se. Tinha uns cinco anitos e fiquei pasmada a olhar para aquela pasta de papel sem perceber bem o que tinha acontecido…

3 – Livros de contos e histórias de fadas….eu acreditava que existiam…e na varinha também! Apesar de tudo li muitos, muitos, porque a minha aldeia era visitada por uma Biblioteca Itinerante da Fundação Calouste Gulbenkian….e era uma maravilha ir buscar livros quinzenalmente.

4 – Um diário. Era um dos meus sonhos. Mais tarde para além de livros era um dos presentes que mais gostava de oferecer.

5 – Jogos didácticos (tipo Majora). Mais tarde “brinquei” muito com uma criança que morava no prédio onde habitava com a minha família e que fugia para a nossa casa e me pedia para jogar com ela.

6 – Lápis de cera. Soube da sua existência por uma amiguinha que vivia em África e quando veio de férias ao Continente trouxe uma caixa enorme que partilhou connosco. E como aqueles lápis deslizavam tão bem…

7 - Um estojo grande onde pudesse guardar todo o material escolar.

7 - Lembranças vergonhosas de infância:

1 – Num dia 8 de Dezembro (Dia da Imaculada Conceição) em que se comemorava o Dia da Mãe, numa festa organizada pela Escola Primária e pela Igreja, coube-me dizer uma poesia dedicada a Nossa Senhora. O palco era uma mesa rectangular e a sala estava cheia. Mal subi ao improvisado palco, só me recordo de ver muitas cabeças em baixo (penso que me assustei) e mal comecei a balbuciar “Senhora da Conceição, não tens povo mais amigo”, desatei num pranto enorme… e já tinha 10 anos…Eu não disse Dulce, que era chorona? …. Andei a ser imitada por não sei quanto tempo por aqueles miúdos tolos da escola….uma vergonha mesmo.

2 – Tenho uma pequena diferença de idade da minha irmã do meio (20 meses) e não é que por ciúmes de vez em quando dava umas bofetadinhas (até coro só de dizer isto). Ela que me perdoe, mas quando lhe acontecia alguma coisa de mal ela ria-se e eu chorava…e esta, hein!

3 - Era muita curiosa e fazia muitas perguntas indiscretas que deixavam a minha mãe muito embaraçada, o que a levou bastante cedo a pôr-me ao corrente de situações das quais eu nada entendia.

4 – Num jardim público quando de visita a uns tios noutra localidade cortei um enorme ramo de flores para dar à minha tia e levei um valente raspanete de uma senhora que ia a passar, que nunca mais esqueci.

5 – Por vezes saía de minha casa sem pedir autorização para brincar na rua e a minha mãe via-se aflita para me encontrar, embora no reencontro me recompensasse com umas “suaves” palmadinhas….onde devem calcular.

6 – Num teste de Ciências, teria uns onze anos, uma colega pediu-me ajuda para uma pergunta. Escrevi a resposta num papelinho e atirei-o para junto da mesa dela. A Professora estava na porta da sala de aula com outra colega (viu tudo) e entretanto fechou a porta.

Virou-se para a classe e disse que ia bater a duas meninas. Fiquei toda corada e envergonhada e lá levei seis reguadas. A turma era mista, estão a imaginar…

7 – Cresci muito entre os 11 e 13 anos. Era magríssima e tinha muita vergonha de passar junto dos “simpáticos rapazitos”, quando me deslocava para a escola, porque me apelidavam de escadote, girafa, esparguete e como a minha maior amiga era o oposto de mim éramos apelidadas de a Bucha (a minha amiga) o eu a Estica (personagens de um filme antigo) estão a ver a cena, como agora se diz?

7 - Lembranças dolorosas de infância:

Mesmo com dor:

1 - Fui mordida duas vezes por 2 simpáticos cãezinhos das minhas vizinhas, teria uns cinco anos;

2 -Queda desastrosa numa calçada muito inclinada onde resolvi fazer uma corrida. Resultado: Levaram-me em braços a casa com o rosto todo esfolado (teria 6 ou 7 anos) e lá fui para o médico que abaixo refiro (era dentista, pediatra, otorrino, etc). Era o que valia à minha mãe.

3 – Idas ao Dentista numas férias grandes em que era torturada com aquelas brocas que faziam um enorme ruído. Saía de lá toda atordoada.

Outras dores:

4 – O meu pai foi atropelado e constou que teria falecido. A minha mãe já estava em Lisboa junto dele no Hospital e a casa de meus avós encheu-se de pessoas a chorar. Eu tinha apenas 6 anos e acordei com todo aquele reboliço. Graças a Deus ainda está vivo (84 anos), mas o acidente foi muito grave e o meu pai esteve bastante mal.

5 – Todos os velhinhos e velhinhas que faleciam e de quem eu muito gostava;

6 – Aqui não sei ainda, mas depois digam-me qual a penalização.

7 – A maior dor: fui arrancada das minhas raízes com doze anos e viemos quase de um dia para o outro morar para Lisboa (arredores).

Claro que isto significou deixar as minhas amigas da terra que eram como irmãs, ficar longe dos meus avós, adaptar-me a um outro ambiente que em nada tinha a ver com a minha aldeia natal.

Com o tempo tudo foi passando, mas pelo meio houve muita dor, muita tristeza. Graças a Deus tudo se foi recompondo.

Acho que escrevi muito. Agora ainda vou terminar umas tarefas domésticas (penso que dá para a minha penalização) e vou passar o testemunho à nossa amiga Felipa aqui: http://cristo-sempre.blogspot.com/

Aguardo as vossas gargalhadas!!!

Beijinhos com a minha amizade e carinho.

Ailime

20.01.2011

13 comentários:

  1. Amiga Ailime, mesmo antes de ir dormir verifico que me foi passado o testemunho... acho que vou ter pesadelos, a rebuscar certas coisas que guardo bem no fundo da gaveta da memória (rsrs)...
    Mas acho que terão de esperar um pouquinho, é que há gavetas que se vão tornando perras e a sua abertura revela-se bastante difícil, é preciso olear bem e mesmo assim custam a abrir...

    Até amanhã

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  2. Até amanhã e beijinhos, (essa parte fugiu do 1º comentário)

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  3. Amiga Felipa,
    Obrigada. Ainda fui colocar o nº 7 da 1ª parte que tinha saltado.
    Tenho andado muito cansada mas ao mesmo tempo estes joguinhos ajudam a desanuviar embora nos tragam à memoria coisas que não foram assim tão boas.
    Tudo faz parte da nossa vida e é com estas situações que vamos aprendendo a viver e a enfrentar muitas outras situações.
    Beijinho e boa noite,
    Ailime

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  4. Ailaime mas que lindo testemunho.
    Quebra cabeças...mudanças..umas palmaditas e vai daí, vejam só esta criança tão querida tão humilde tão educadinha.
    Louvado seja Deus
    Parabéns á menina e á linda familia.
    Beijinhos da Utilia

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  5. Amiguinha
    Esqueci-me duma coisa
    Fiquei triste por não teres tido um peluche.

    Eu tive um verdadeiro, vá não tenhas enveja porque finalmente não fui muito feliz com ele.
    Tive um cãozinho peludinho que era um verdadeiro peluche, mas infelizmente a minha avó deu ao sardinheiro...Mas que tristeza não achas?

    A boneca? Mas que desastre...sabes... fez-me pena, tiveste uma desilusão já sei: Estás a ver que as aparências iludem.

    Vejam só uma boneca tão linda e finalmente até se desfaz na água isso é obra...
    As de trapos ao menos essas eram confeccionadas "maison". Podiam ser lavadas e sabes a carinha era mesmo feita ao gosto do artista.
    Nada de concurrência era só para dizer que se me tivesses dito eu fazia-te uma de trapinhos eram muito lindas...

    Vamos continuar em oração.
    Que Deus nos abençoe
    Beijinhos da Utilia

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  6. Fiquei abismada

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  7. Amiga Ailime, só para saber que existem mais choronas e que isso não é nenhum drama já valia a pena ler as suas memórias, mas foi muito mais do que isso porque até recordei como estava tão em moda o "bucha e o estica" eram uma dupla hilariante e também esses apelidos detestáveis de girafa, esparguete...aiai.eheh
    Mas sabe amiga, essa da boneca se desfazer é que me fez rir. Á minha irmã mais velha aconteceu o mesmo, nesse aspecto fui muito sortuda porque tive um padrinho que foi passear a Espanha(naquele tempo...) e me trouxe uma boneca muito linda. Tinha era uns cabelos que parecia palha-de-aço, mas era linda.EHEH

    Foi muito bom ler a sua infância.
    Um beijinho grande
    e
    continuemos em oração

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  8. eheheh Ailime, comecei logo a rir com esta : "quase a escorregar dos chinelos" eheheh e dá-me ideias de lhes aplicarmos umas rodinhas e passa a haver patins para todos ;)

    (ihhh e temos aqui 1 penalização, lol) que reverta a favor dos nossos amigos que estão a passar tamanha provação. Em solidariedade com esses nossos irmãos, uma oração por sua intenção, conta. Rezemo-la todos e contigo.

    Desculpa ter rido tanto com as (des)graças mas não me é facil conter e se me rio das minhas...
    Essa do palco até que doi e dá que pensar, mas com sustos desses como com o pai já não brinco. Graças a Deus por ele ainda a poder contar e recordar com a "estica" eheheh

    A rir, a rir, passas um belo testemunho ;)

    Beijinhos.

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  9. amiga fartei-me de rir com as tuas confissões , eh eh eh , então ajudas-te uma amiga a copiar e ainda levas-te umas reguadas ,,, xiii ..
    uii que essa de falar em publico fez-me lembrar uma parecida que me aconteceu a mim , só de pensar até corei ...
    gostei muito de te ler ..
    jinhos ..

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  10. Minhas Amigas de caminhada:
    Felipa,
    Utília,
    Dulce,
    Malu,
    Teresa
    e também todos os outros amigos que passam em silêncio:
    O meu agradecimento a todas vós pela compreensão, paciência e bondade nas palavras expressas sobre a minha infância.
    Peço ao Senhor que vos continue a iluminar e a guiar em todos os momentos das vossas vidas.
    Ele é o nosso Guia, o nosso Protector.
    Sem Ele no nosso coração nada somos.
    Beijinhos com o meu carinho e amizade,
    Ailime

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  11. Ai estas dores e vergonhas de infância... quem as não teve!!! até parece que ainda doem...


    Bjinhs

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  12. Fá,
    O tempo tudo cura como se costuma dizer, mas há dores indeléveis que nos marcam.
    Obrigada por se ter também associado.
    Bjs.
    Ailime

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  13. Só agora pude vir até aqui.

    Gostei muito!

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«Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.»
(João 14:6)
Muito obrigada por me ajudar a caminhar com Cristo!
Ailime